Histórias de cegonhas

Em Nisa, no Alentejo há uma curiosa história de uma cegonha, ainda viva, a Maria de Nisa que se transformou numa figura singular da vila. Vejamos o que dela se conta.
«A Maria é uma jovem cegonha que perdeu os seus pais devido à secura alentejana. Consta que partiram para longe, talvez em busca de outras águas. A população de Nisa adoptou-a e alimenta-a e ela passeia bem-disposta pelas ruas e praças da vila.»
Fonte: http://valkirio.blogspot.com/2009/07/maria-de-nisa.html

Onde é que nós já vimos isto? Em Figueira de Castelo Rodrigo, é claro.
A história da Joana é parecida. Mas a Joana já faleceu, atropelada por um automóvel ao atravessar uma rua da vila, apesar do cuidado que ela tinha em servir-se das passadeiras destinadas aos peões (como se pode ver por uma das raras fotos que dela saudosamente se guarda). A história da Joana, que passou por vários órgãos de comunicação, na televisão e na imprensa, na blogosfera, foi contada assim por Nando Costa:
«Chama-se Joana. Nasceu na Primavera do ano de 1981, no ninho da torre da Igreja Matriz da bonita vila de Figueira de Castelo Rodrigo "Rainha da Amendoeira em Flor" no distrito da Guarda.
Figueira de Castelo Rodrigo é por excelência um concelho nobre de cegonhas. Estas bonitas e elegantes aves, que todos os anos vêm alegrar os céus da vila, que desde há muitas décadas foi escolhida para dar continuidade à sua espécie. São por todos sempre bem-vindas e constituem um dos mais belos atractivos turísticos.
A torre da Igreja Matriz, depósito de água e mais duas chaminés, são os locais mais apetecidos e disputados pelas aves que vêm da África Central e Meridional: Senegal, Nigéria, Pântanos do Tchad, tudo a sul do Sahara.
Os machos primam pela pontualidade; voltam exactamente ao mesmo ninho do ano anterior e começam logo a prepará-lo para receber a sua companheira, uma operação que demora entre oito a quinze dias. É nos meses de Junho e Julho, altura certa em que as novas crias estão aptas para os primeiros voos e à procura de alimentos pelos campos.
Em Julho de 1991, no ninho da torre da Igreja Matriz de Figueira, a 30 metros de altura, uma das pequenas cegonhas, viu a sua primeira tentativa de voo frustrada. Uma queda do ninho para o telhado da Igreja, que só por acaso não foi fatal, teve por consequência uma asa partida. Foram de imediato alertados os Bombeiros Voluntários para a ocorrência, tendo o seu Comandante feito deslocar o piquete de intervenção ao local, para a arrojada operação de salvamento. Os seis jovens bombeiros, António Pereira, Júlio Alves, Jorge Silva, Bruno Rebolho, Horácio Calça e Paulo Patrício, que com a ajuda do senhor José Esteves Velho, conseguiram colocar a salvo a jovem cegonha.
De imediato assistida e levada para o quartel dos bombeiros, onde durante mais de três semanas teve honras de hóspede. "Joana" (nome pelo qual ficou baptizada) cedo ganhou a simpatia de todos e passeava-se pelo espaço circundante do quartel, num diariamente refrescado e alagado espaço, onde as aparas de carne e de peixe - prontamente cedidas pelas casas comerciais - não faltavam.
Apesar do bom trato, as suas asas não se encontravam definitivamente curadas, tendo-se para o efeito contactado o Serviço Nacional de Conservação da Natureza que procedeu ao seu transporte para o Parque Nacional da Serra da Estrela, a fim de lhe serem ministrados os cuidados necessários.
Após o seu tratamento regressou a Figueira ao quartel dos bombeiros onde os Soldados da Paz e o quarteleiro Tó-Zé, comprometeram-se a continuar a tratá-la com afecto, como até aqui o fizeram.
Salva de todos os perigos pelos bombeiros, a pequena cegonha não podia ter tido melhores pais adoptivos. Desde então que a sua casa é o quartel dos Bombeiros Figueirenses. Ali tem o seu poiso: Um ninho feito à medida no interior do edifício, uma portinhola para entrar e sair quando quer, é tudo quanto faz de Joana uma autêntica princesa.

Mal nasce o dia, A "princesa" Joana prepara-se para o seu passeio matinal. Passeia-se pelas ruas da vila sem destino certo. Não ignora os cumprimentos dos seus concidadãos, mas também não é "senhora" de muitas confianças. Na vila já toda a gente sabe que a Joana gosta de uma palavrinha, mas que não passe disso, porque qualquer intimidade pode acabar com uma "bicada" da elegante cegonha. A Joana também gosta de fazer companhia às senhoras que ao "soalheiro", fazem as suas rendas. Civismo, educação e respeito pelas regras de trânsito, são bons exemplos que a Joana também sabe dar.

Peixe do rio, preferencialmente minhocas, ratos, lagartos, cobras e rãs, são a ementa preferida da Joana. Mal pressente que a noite está prestes a chegar, a Joana recolhe a casa, como manda a rotina.
As cegonhas são o ex-libris dos Figueirenses. Instalam-se e nidificam todos os anos nos mesmos locais, um pouco por todo o concelho. As cegonhas são aves tradicionalmente acarinhadas e protegidas pela população.»


2 comentários:

  1. Olá!
    Já tinha lido um pouco sobre a história da Cegonha Joana.É fabulosa essa amiga com penas de Figueira de Castelo Rodrigo.

    Aproveito e deixo um convite: participe na Blogagem de Abril do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. O tema é: “Páscoa na minha Aldeia”. Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt (+ título e link do respectivo blog) até dia 8 de Abril. Participe. Haverá boa convivência e possíveis prémios (veja mais dia 29/03 no blog da Aldeia)!

    Abraço
    Lena

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  2. Olá!

    Peço desculpa, mas INFELIZMENTE só agora me apercebi deste convite, que teria todo o prazer em aceitar. Passarei a estar mais atento!

    Obrigado

    A minha penitência e com um Abraço,

    Leonel Salvado

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