Trinta anos de existência
Apresentou-se ao público pela primeira vez em 28 de Agosto de 1977 na igreja matriz de Figueira de Castelo Rodrigo durante a missa dominical com cerca de 114 elementos. Trinta anos depois, embora com um número mais reduzido de participantes, o Grupo Etnográfico de Figueira não baixa os braços perante as dificuldades e continua a exibir as suas actuações por diversos lugares do país.
Em Dezembro de 1984 o jornal Pinhel Falcão, na época boletim paroquial da cidade de Pinhel, descrevia a actuação do Grupo Coral e Etnográfico figueirense em «Terras de Falcão» com significativo título «Um notável acontecimento cultural - o Grupo Coral da Portela e o Grupo Coral e Etnográfico de Figueira de Castelo Rodrigo actuaram brilhantemente em Pinhel.»
primeiros elementos do Grupo Coral e Etnográfico (1977)
O Grupo nasce há trinta anos por iniciativa de um conjunto de jovens raparigas que encorajadas e a convite do saudoso Padre Canário se dirige a António Pimentel, na época dirigente de um grupo semelhante em Pinhel, solicitando-lhe a criação e orientação de um grupo coral na vila de Figueira. O maestro acedeu à gentileza do convite e, assim, a 28 de Agosto de 1977, durante a habitual missa dominical, o grupo apresenta-se pela primeira vez em público. Durante 26 anos o grupo subiu ao «palco» da igreja matriz da vila onde actuava como coro, todas as semanas, durante a missa dominical. Há cerca de quatro anos que não cantam na igreja e quando lhe perguntamos a causa, o maestro refere desconhecer a verdadeira razão.
Face aos sucessos alcançados "
se pensou em voos mais altos" e então o grupo iniciou-se na arte do palco com peças de teatro e a criação de um rancho folclórico. Este último pouco actuou, acabando por desaparecer à falta de tocador de acordeão. No que respeita à área teatral o trabalho desenvolvido pelo Grupo Coral e Etnográfico figueirense foi de vento em popa, tendo encenado até hoje sob a regência e orientação do maestro António Pimentel, trinta e duas peças de teatro, o que representa, estatisticamente, mais de uma peça nova por ano.
O maestro António Pimentel recorda esses momentos com indizível saudade lamentando que "o grupo poucas ou nenhumas ajudas recebia, vivendo do esforço e da vontade de cada um dos seus elementos", acrescentando que "sempre que há necessidade de preparar o cenário de uma peça ou adquiri as roupas das personagens, todo o material é comprado e confeccionado por nós".
O principal objectivo de um grupo coral e etnográfico caracteriza-se pela sua capacidade de imitar, manter e divulgar o folclore e as tradições locais e proceder à recolha de danças, canções e costumes de um povo que posteriormente são trabalhados textualmente e apresentados através da representação ao público. Para tal procedimento impõe-se um aturado trabalho de pesquisa que implica esforço humano e encargos financeiros que o Grupo evidentemente não dispõe. De momento, e numa primeira fase, necessitaria do conveniente apoio financeiro para desenvolver as suas actividades no âmbito da música e do teatro e, numa segunda fase, a pesquisa e recolha.
António Pimentel também o considera "uma marca de um povo que se leva além-fronteiras". Através das suas diversas actuações o maestro salienta que "levámos o nome de Figueira até aos mais diversos locais do país, desde Coimbra a Lisboa, passando por diversos locais do distrito da Guarda", o que se pode considerar passagens importantes para trocas culturais.
O primeiro local onde o Grupo Etnográfico actuou na área teatral foi na antiga Casa do Povo de Figueira. Depois, foram variados os locais para onde o grupo se deslocou, sendo que actualmente valoriza muito as actuações nas freguesias do concelho figueirense que António Pimentel descreve como importante salientando que "somos ainda um grupo que consegue levar um pouco de cultura às aldeias, mas nem sempre a todas como desejaríamos, visto nem sempre sermos solicitados".
Actualmente com 30 elementos, o Grupo Coral e Etnográfico de Figueira de Castelo Rodrigo conta ainda com a presença de dois elementos que há 30 anos acompanham esta associação. Actualmente o Grupo é constituído por pessoas que trabalham ou estão reformadas e que briosamente se privam do conforto do seu lar para se dirigirem à sede do Gripo para trabalhar, ensaiar, preparar cenários e as demais mil e uma tarefas necessárias. Merecem o reconhecimento do seu esforço e da sua devoção à causa da cultura local e a melhor compreensão para a sua sobrevivência.
No passado dia 1 de Setembro com o intuito de marcar o seu trigésimo aniversário, os elementos actuais e alguns dos antigos associados reuniram-se para um jantar de convívio, onde não faltaram as inevitáveis recordações.
António Pimentel afirma que "apesar das dificuldades, o Grupo é para manter e já estamos a preparar a próxima peça que entrará em cena possivelmente no ano que vem".
A coragem, a convicção e o sonho são a grande alavanca do sucesso.
Autor: não determinado, jornal Ecos da Marofa, edição de 10-09-2007